Glauber era um sertanejo de Vitória da Conquista. De alma cosmopolita, mas ainda assim um sertanejo, que só desejou reinventar, sob sua ótica singular, esse universo do sertão. E o sertão sempre teve um rico imaginário, cenário dentro do qual se torna possível qualquer idéia de criação artística: a alma sertaneja é aqui o mote, alma simultaneamente revolucionária, patética, eloquente, emblemática da confusão intelectual e política que sempre esteve no centro da obra de Glauber: "minha alma deseja a revolução e minhas mãos trabalham para a revolução. Porém o que é revolução ? Uma revolução é a mudança total das leis naturais e sociais. Uma revolução só pode se realizar quando a morte vence a vida, porém ao mesmo tempo a morte é o nada e o nada é contra-revolucionário".
Vitória da Conquista é a porta de entrada desse universo, naquela época ainda povoado por estórias (ou fábulas?) de jagunços, metáforas, amores, paixão, famílias, terra e morte. Lá Glauber viveu sua infância, talvez aí o motivo pelo qual o Sertão nunca foi deserto em seus filmes, mais que lugar ou espaço físico o Sertão é personagem. Ele sempre encontrou uma metáfora para representar a alma sertaneja.Se dizia metafórico e Barroco, era cósmico, genial. Foi precursor de uma nova linguagem cinematográfica, pontuada por aspectos bastante originais, a começar pelo lema que até hoje gera polêmica: "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão" ou "a imagem, rigorasamente, deve ser um vocábulo, e o cineasta deve escrever com imagens".
Glauber criou uma linguagem-limite, fruto da independência criativa do cineasta-artista, vindo de um país de terceiro-mundo, de uma província econômicamente paupérrima porém rica em imaginação e mitologia. Recusou-se a representar simplesmente essa mitologia dita sertaneja, quis sempre encontrar nela uma forma de expressar sua revolta e com isso contaminar a todos com ela. Glauber não foi jamais uma personalidade simples, ao contrário, era um ser complexo, de visão multifacetada, como sua obra nunca foi simples, de fácil compreensão.
Para entender e gostar de seus filmes faz-se necessário conhecer certos aspectos e contextos da cultura brasileira. Quais forças culturais permitiram que seu trabalho fosse reconhecido, ganhando prêmios internacionais e se tornando uma das mais importantes figuras intelectuais da cultura brasileira dos anos 60 e 70 ? Qual conjutura instrumentalizou Glauber ?
Não tenho dúvidas de que muito da importância da obra de Glauber pode ser creditada à sua eloquência verbal e sua irrefreável vocação para discutir os temas que lhe eram caros: a cultura brasileira, o Cinema Novo, a violência, o amor, a felicidade, o povo a democracia, a Arte e ele próprio. Quem quiser conhecer melhor a vida conturbada e fascinante de Glauber deve ler GLAUBER, ESSE VULCÃO de João Carlos Teixeira Gomes, da Ed. Nova Fronteira. O livro, apesar de certos empolamentos de linguagem e excessos de descrições, é a mais completa e abrangente biografia do cineasta.
O autor foi grande amigo de Glauber desde a adolescência em Salvador, consagrando-se como jornalista e importante biógrafo de Gregório de Matos. Fez um impressionante rastreamento dos passos de Glauber, um viajante contumaz, por todo o mundo.
Vitória da Conquista é a porta de entrada desse universo, naquela época ainda povoado por estórias (ou fábulas?) de jagunços, metáforas, amores, paixão, famílias, terra e morte. Lá Glauber viveu sua infância, talvez aí o motivo pelo qual o Sertão nunca foi deserto em seus filmes, mais que lugar ou espaço físico o Sertão é personagem. Ele sempre encontrou uma metáfora para representar a alma sertaneja.Se dizia metafórico e Barroco, era cósmico, genial. Foi precursor de uma nova linguagem cinematográfica, pontuada por aspectos bastante originais, a começar pelo lema que até hoje gera polêmica: "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão" ou "a imagem, rigorasamente, deve ser um vocábulo, e o cineasta deve escrever com imagens".
Glauber criou uma linguagem-limite, fruto da independência criativa do cineasta-artista, vindo de um país de terceiro-mundo, de uma província econômicamente paupérrima porém rica em imaginação e mitologia. Recusou-se a representar simplesmente essa mitologia dita sertaneja, quis sempre encontrar nela uma forma de expressar sua revolta e com isso contaminar a todos com ela. Glauber não foi jamais uma personalidade simples, ao contrário, era um ser complexo, de visão multifacetada, como sua obra nunca foi simples, de fácil compreensão.
Para entender e gostar de seus filmes faz-se necessário conhecer certos aspectos e contextos da cultura brasileira. Quais forças culturais permitiram que seu trabalho fosse reconhecido, ganhando prêmios internacionais e se tornando uma das mais importantes figuras intelectuais da cultura brasileira dos anos 60 e 70 ? Qual conjutura instrumentalizou Glauber ?
Não tenho dúvidas de que muito da importância da obra de Glauber pode ser creditada à sua eloquência verbal e sua irrefreável vocação para discutir os temas que lhe eram caros: a cultura brasileira, o Cinema Novo, a violência, o amor, a felicidade, o povo a democracia, a Arte e ele próprio. Quem quiser conhecer melhor a vida conturbada e fascinante de Glauber deve ler GLAUBER, ESSE VULCÃO de João Carlos Teixeira Gomes, da Ed. Nova Fronteira. O livro, apesar de certos empolamentos de linguagem e excessos de descrições, é a mais completa e abrangente biografia do cineasta.
O autor foi grande amigo de Glauber desde a adolescência em Salvador, consagrando-se como jornalista e importante biógrafo de Gregório de Matos. Fez um impressionante rastreamento dos passos de Glauber, um viajante contumaz, por todo o mundo.
POR:LUIZ EDMUNDO ALVES...
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